terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gilmar Mauro critica a construção da Hidrelétrica de Tijuco Alto


Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST, fala à Debate Socialista sobre a falência do projeto democrático popular, a necessidade de superação do “etapismo” e de rearticulação dos movimentos sociais e da esquerda combativa que “continua desenvolvendo o conflito de classe” no Brasil, na América Latina e no mundo.

Debate Socialista - Entre os principais desafios que você aponta está o problema da reorganização dos movimentos sociais e, com ela, a questão fundamental da necessidade de unidade para um novo fortalecimento desses movimentos para enfrentar o capital.Como o MST avalia o processo de reorganização sindical e partidária que tem ocorrido no Brasil?

Gilmar Mauro (MST) - Primeiro, acho que estamos vivendo ainda um término de um ciclo que conduziu os movimentos sociais, desde o ascenso dos anos 70, por um caminho que aglutinou toda a esquerda em torno do projeto democrático popular. Esse ciclo não se acaba de uma hora para outra, estamos numa fase em que o novo ainda não surgiu e o velho ainda não desapareceu, de sair de sonhos e fazer reflexões. Mas há iniciativas novas de reaglutinação, de reorganização, etc. O MST obviamente aposta nessa perspectiva de reorganização tanto dos movimentos sociais como das estruturas políticas, dos instrumentos políticos. Agora, o MST vive um processo de metamorfose interna também, é parte do ciclo anterior pro novo ciclo. Mas acho que estamos caminhando para estabelecer alguns critérios políticos. Por exemplo, com quem buscar alianças estratégicas? Com quem continua desenvolvendo o conflito de classe, a luta de classe, quem enfrenta a lógica do estado burguês e do capital, desenvolve lutas. Isso é fundamental nesse momento, inclusive para não se perder. Dois, com organizações que tenham efetivamente base popular. Isso não significa não ter que dialogar com outros setores. Temos que dialogar com amplos setores. Agora, em termos de alianças prioritárias o nosso entendimento é com quem tem bases populares ou perspectiva de aglutinar bases efetivamente, porque em luta política o que conta também é força organizada.

O que nós precisamos combater nesse período permanentemente? As políticas dos hegemonismos, do vanguardismo, do adesismo ao governo. E nós precisamos ajudar. Não no sentido de superioridade, mas nós temos que nos somar à construção de novos instrumentos organizativos. Uma das questões que está posta é, por exemplo, a do proletariado agrícola. Como organizar? Como o MST se envolve nessa perspectiva que é parte do enfrentamento à lógica do capital no campo, e é muito mais complexo porque no campo você o químico que atua na produção do etanol. Então não é só o proletariado agrícola, o cortador de cana, tem outros setores da classe trabalhadora. E mesmo o proletariado agrícola é itinerante, então a organização vai ter que ser itinerante. O cara começa aqui em São Paulo, desce pro Paraná, sobe pra Minas... E como você organiza essa classe? São desafios que estão postos. Como fortalecer a luta, por exemplo, do MAB, o Movimento dos Atingidos por Barragens. Uma luta que aqui em São Paulo ganha uma dimensão muito interessante, contra o Grupo Votorantim, no Vale do Ribeira, que é a nossa Amazônia Paulista e está sendo privatizada. Como fortalecemos essa luta e nos somamos a essa luta. E assim como os setores da classe operária, o movimento sindical. Nós temos nos aproximado bastante da Intersindical, entendendo que é um processo de recuperação da luta sindical, inclusive da tomada de sindicatos com um viés de esquerda, diferente do que, por exemplo, a CUT se transformou.

Confira entrevista completa em:

Debate Socialista
Revista Eletrônica, Teórica e Política
http://www.debatesocialista.com.br/entrevistagilmarmauro.html

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