sexta-feira, 23 de abril de 2010

MANIFESTO INTERNACIONAL EM DEFESA DA AMAZÔNIA E CONTRA A CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE

La Via Campesina Internacional

viacampesina@ viacampesina. org

Nós, organizações que fazem parte da Via Campesina Internacional, apoiadores e amigos da Via, reunidos na “Conferencia Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra”, na Bolívia, estamos acompanhando a luta contra a hidrelétrica de Belo Monte no Brasil. Diante disso, vimos nos manifestar publicamente, em caráter internacional, em defesa da Amazônia e contra a construção da Barragem de Belo Monte|Brasil, que está sendo leiloada pelo Governo Brasileiro nesta semana.

Entendemos que está em curso uma ofensiva mundial das grandes empresas para apropriar-se dos bens naturais estratégicos em todos os países, como a água, a energia, a terra, a biodiversidade e os minérios, através de grandes projetos de desenvolvimento. Estes grandes projetos de interesses das transnacionais são contra os interesses dos povos, porque refletem na perda de soberania energética e alimentar. Por isso, temos assumido um compromisso internacional de denunciar e lutar contra esta lógica que tem como único objetivo a busca do lucro.

A região amazônica é uma das regiões mais ricas do mundo, com enorme diversidade, as maiores reservas mundiais de água, minérios, biodiversidade, terras, petróleo, gás, entre outros. Por ter essa diversidade de riquezas naturais, e por ser um dos últimos territórios com grandes quantidades de bases naturais, está no centro de todo e qualquer projeto das transnacionais.

No caso da energia das hidrelétricas, tem servido para ser usada para alimentar a indústria eletrointensiva exportadora (de alumínio, celulose, ferro, etc), considerada uma das mais poluidoras do mundo.

Em relação ao projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte, na Região Amazônica, nossa posição é contrária e esperamos que se cancele definitivamente este plano. Caso esta obra seja construída, entregará parte da Amazônia ao controle das transnacionais e ao mesmo tempo causará um dos maiores desastres sociais e ambientais.

Assim solicitamos às autoridades responsáveis que revejam este procedimento de tentar construir esta obra, e se estabeleça um amplo debate sobre esta questão e a questão energética envolvendo os amplos setores da sociedade.

Conclamamos finalmente a todo o povo e aos movimentos e entidades a continuarem suas lutas, a se solidarizarem em defesa da Amazônia e contra a hidrelétrica de Belo Monte.

Globalizemos a luta, globalizemos a esperança.

La Via Campesina, presentes em Cochabamba - Bolívia

28 países, 120 pessoas de 57 organizações.

MANIFESTO INTERNACIONAL EM DEFESA DA AMAZÔNIA E CONTRA A CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE

La Via Campesina Internacional

viacampesina@ viacampesina. org

Nós, organizações que fazem parte da Via Campesina Internacional, apoiadores e amigos da Via, reunidos na “Conferencia Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra”, na Bolívia, estamos acompanhando a luta contra a hidrelétrica de Belo Monte no Brasil. Diante disso, vimos nos manifestar publicamente, em caráter internacional, em defesa da Amazônia e contra a construção da Barragem de Belo Monte|Brasil, que está sendo leiloada pelo Governo Brasileiro nesta semana.

Entendemos que está em curso uma ofensiva mundial das grandes empresas para apropriar-se dos bens naturais estratégicos em todos os países, como a água, a energia, a terra, a biodiversidade e os minérios, através de grandes projetos de desenvolvimento. Estes grandes projetos de interesses das transnacionais são contra os interesses dos povos, porque refletem na perda de soberania energética e alimentar. Por isso, temos assumido um compromisso internacional de denunciar e lutar contra esta lógica que tem como único objetivo a busca do lucro.

A região amazônica é uma das regiões mais ricas do mundo, com enorme diversidade, as maiores reservas mundiais de água, minérios, biodiversidade, terras, petróleo, gás, entre outros. Por ter essa diversidade de riquezas naturais, e por ser um dos últimos territórios com grandes quantidades de bases naturais, está no centro de todo e qualquer projeto das transnacionais.

No caso da energia das hidrelétricas, tem servido para ser usada para alimentar a indústria eletrointensiva exportadora (de alumínio, celulose, ferro, etc), considerada uma das mais poluidoras do mundo.

Em relação ao projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte, na Região Amazônica, nossa posição é contrária e esperamos que se cancele definitivamente este plano. Caso esta obra seja construída, entregará parte da Amazônia ao controle das transnacionais e ao mesmo tempo causará um dos maiores desastres sociais e ambientais.

Assim solicitamos às autoridades responsáveis que revejam este procedimento de tentar construir esta obra, e se estabeleça um amplo debate sobre esta questão e a questão energética envolvendo os amplos setores da sociedade.

Conclamamos finalmente a todo o povo e aos movimentos e entidades a continuarem suas lutas, a se solidarizarem em defesa da Amazônia e contra a hidrelétrica de Belo Monte.

Globalizemos a luta, globalizemos a esperança.

La Via Campesina, presentes em Cochabamba - Bolívia

28 países, 120 pessoas de 57 organizações.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Carta de Repúdio da Rede Brasileira de Educação Ambiental sobre a UHE Belo Monte

Nós educadores e educadoras ambientais deste país vimos por meio desta nos
posicionar e manifestar, enquanto coletivo, com relação à UHE de Belo Monte.

Com maturidade e responsabilidade, nos posicionamos contrários a construção
de Belo Monte. Salientamos que, à medida que a população brasileira se
conscientiza em relação à importância da preservação socioambiental, seremos
capazes de constituirmo- nos em cidadãos capazes de demandar menos energia e
de redução significativa do desperdício. Podemos somar esforços e, conjugada
e coletivamente, pensar num futuro sustentável para o Brasil.

A situação ambiental que vivemos vem piorando e se tornando extremamente
crítica em vários pontos e setores da sociedade brasileira. A cultura do
“progresso” ainda não conseguiu suplantar as desigualdades e a idéia de que
o crescimento do país está necessariamente associado a sua destruição
social, ambiental e étnica. Nós educadores e educadoras ambientais deste
país, almejamos e trabalhamos para uma sociedade constituída em bases
sustentáveis, que nos faça ter orgulho da herança e da memória que
deixaremos à nossos filhos e netos.

Queremos registrar assombro e consternação diante do tamanho do impacto
social, étnico e ambiental que se antevê para Belo Monte: estragos de
proporções cataclismáticas, desnecessárias e estapafúrdias, em um momento
onde o mundo pensa em soluções na direção contrária.

Há o sincero risco de se desestabilizar a milenar harmonia do rio Xingu e
suas gentes, principalmente os povos indígenas que ali aprenderam a
respeitar a Terra e a viver com ela e não contra ela - como estamos fazendo
com este péssimo exemplo.

Alertas em oposição à obra vem de diversos setores, aos quais nos alinhamos,
neste momento. Entre eles estão cientistas, institutos de pesquisa e
movimentos ambientalistas, indigenistas e sociais. Muitos questionam o
empreendimento do ponto de vista de seus custos e benefícios e perguntam: A
quem se remetem os custos? E a quem se remetem os benefícios?

Enquanto isso, parece que há um certo comodismo conformista por parte da
sociedade brasileira. Talvez estejamos paralisados, inertes, esperando por
algo que virá impávido e infalível, como Muhammed Ali. Mas alertamos: não
virá. Estamos diante de nosso Destino e o devemos assumir com nossas mãos,
corações e mentes.

Não há limites para os desastres da ganância embutida no desenvolvimento a
qualquer custo. Um desenvolvimento excludente e desigual que não pergunta:
desenvolver para quem? E privilegia, muitas vezes, os mais abastados da
sociedade brasileira. Por que Belo Monte? Para quem Belo Monte? São
perguntas que orbitam a mente dos educadores e educadoras ambientais deste
país, personagens- cidadãos da esperança; profissionais indispensáveis para a
construção de uma cultura e uma sociedade sustentável.

Saudações Ecofraternas,

REBEA