terça-feira, 29 de setembro de 2009

Barragem traz risco de extinção a peixe em Minas Gerais

A última população viável de um peixe que já habitou boa parte dos rios de Minas Gerais e Espírito Santo pode ser destruída pela ampliação de uma hidrelétrica, afirma um biólogo da UFV (Universidade Federal de Viçosa). Se a obra for adiante, será apenas questão de tempo até que a espécie suma do mapa, diz o pesquisador.

O bicho em questão é o surubim-do-doce (Steindachneridion doceanum), um peixe de couro que pode ultrapassar os 20 kg e chegar a 1 m de comprimento. Como o nome popular do animal indica, ele já foi comum em toda a bacia do rio Doce, da qual é endêmico (ou seja, existe nesses rios e em nenhum outro lugar).

Não é a primeira vez que um bagre se coloca no caminho de uma usina. A construção de hidrelétricas no rio Madeira também foi questionada por causa da ameaça a outro peixe de couro, a dourada (Brachyplatystoma rousseauxii). Mas a situação do surubim-do-doce é bem mais dramática, diz Jorge Abdala Dergam, da UFV.

"Em Ponte Nova (município em que a ampliação da hidrelétrica pode acontecer), no rio Piranga, a população parece viável. Volta e meia há capturas, vemos (animais) juvenis. Mas as outras três populações que existem no rio Santo Antônio já estão funcionalmente extintas", afirma Dergam.

Ambos os rios são afluentes do Doce. Contudo, enquanto o Piranga ainda possui um trecho considerável em que há correnteza forte, profunda e com fundo rochoso, o rio Santo Antônio teve o território tradicional do peixe reduzido ao que Dergam chama de "aquários".

"Os surubins que ainda existem lá estão em poços de 30 m de comprimento, isolados por praias extensas. Tem areia demais na calha do rio e, na seca, a coluna d'água chega a ter só uns 10 cm", diz o biólogo.

Se a ampliação da usina Brito, uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica), avançar como planejado, o trecho do rio Piranga que é crucial para a espécie será inundado, acabando com o habitat do bicho, avalia Dergam. Isso porque o animal depende de tocas rochosas no leito fluvial, as quais serão soterradas pelo sedimento que vai cobrir o fundo do futuro reservatório com o tempo.

Ao que tudo indica, não haveria esperança de recuperação para a espécie em outros locais. Além de estar localmente extinto no Espírito Santo, o bicho desapareceu até da memória coletiva dos pescadores de Aimorés (MG): hoje, eles chamam de "surubim-do-doce" um peixe que na verdade é híbrido de duas outras espécies.

Lei sob risco - O surubim-do-doce está listado no "Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção", do Ministério do Meio Ambiente, como espécie "extremamente rara". Uma lei municipal promulgada no ano passado declarou o trecho do rio Piranga que passa por Ponte Nova monumento natural, o que impediria a ampliação da hidrelétrica. No entanto, a atual administração pretende alterar a lei em favor da obra.

O estudo de impacto ambiental sobre a a ampliação da usina diz que a construção de escadas na barragem manteria a população do peixe viável. Dergam, porém, diz que a medida não funcionou em outros locais. Procurada pela Folha, a Prefeitura Municipal de Ponte Nova não se manifestou sobre a questão.

Outro lado - A empresa Novelis, que deverá ser responsável pela ampliação da usina Brito em Ponte Nova, declarou à Folha, em nota oficial, que sua atuação na obra será pautada pelo EIA (estudo de impacto ambiental) produzido para avaliar o projeto.

"O EIA trata com prioridade a questão da presença do surubim-do-doce no trecho do empreendimento (...) e propôs medidas ambientais específicas para o monitoramento da espécie", afirma a Novelis.

A empresa diz que discorda da avaliação de que a presença de escadas na barragem não vai ajudar o peixe. "O EIA apontou a necessidade de um mecanismo tipo escada com ranhuras verticais para a transposição dos peixes. Estudos no Brasil e no exterior mostram que esse tipo de escada proporciona um fluxo de água mais próximo das condições naturais do rio." (Fonte: Reinaldo José Lopes/ Folha Online)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Assista FLUXOS

Assista documentário feito por estudantes da ESPM em que a comunidade fala sobre fluxos, rios e interrupção de fluxos... em Cananéia... como pode ocorrer caso a barragem da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto seja construída...
http://www.youtube.com/user/funcamdelic#play/all/uploads-all/0/FlRwprIjAmI
Imagens e Entrevisita:
Camila Sato, Martina Brant, Caroline Chaves e Allysson Fukumothi
Produção: Los Pacas

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Árvores Sim, Eucalipto Não!

Eucalipto: o verde enganador

WAGNER GIRON DE LA TORRE, é Defensor Público no Estado de São Paulo e Coordenador da Defensoria Regional de Taubaté.

Publicado originalmente no “2º Boletim contra a monocultura do eucalipto”

Reflexões sobre o avanço irrefreado da monocultura do eucalipto e os imensuráveis impactos ambientais e sociais deledefluentes

As “belas” imagens elaboradas em meio ao enredo de uma recente novela “das oito”, veiculada pela maior emissora de televisão do país, que procurou infundir à grande audiência vitimada pela falta de acesso a canais alternativos de informação, a ideia do quão “maravilhoso” é o mundo recoberto por vastas e verdejantes plantações de eucaliptos, podem ser retidas como exemplo seguro deste tempo tão acrítico, marcado pela deificação do consumo.

Leia artigo completo em:
http://www.raulmarcelo.com.br/portal/2009/09/eucalipto-o-verde-enganador/

Mobilidade Sim, Pedágio Não! OHL quer aumentar tarifa no Vale do Ribeira

Concessionárias de rodovias federais brigam por pedágio maior
Empresas dizem que foram prejudicadas pela burocracia do Estado para iniciar a cobrança de tarifa nas estradas

http://www.estadao.com.br/noticias/economia,concessionarias-de-rodovias-brigam-por-pedagio-maior,440213,0.htm

Agência Estado

SÃO PAULO - Dois anos após provocarem euforia no mercado, ao ganharem a concessão de sete lotes de rodovias federais com deságios que atingiram 65%, as concessionárias recorrem ao governo para recompor seu caixa. Na prática, isso significaria reajustar o preço das tarifas de pedágio ou prorrogar os cronogramas de investimentos, previstos para ampliar e modernizar as estradas. Em resumo: mais uma vez quem vai pagar a conta é o consumidor.

Os pedidos, chamados de reequilíbrio econômico-financeiro, foram entregues à Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) pelas empresas OHL, Acciona e BR-Vias. Em 2007, elas venceram com folga a disputa pelas Rodovias Fernão Dias (BR-381), Regis Bittencourt (BR-116), Transbrasiliana (BR-153), BR-101 (ES/RJ), BR-393 (divisa de MG/RJ até a Dutra) e um trecho entre Curitiba e Florianópolis.

Com lances ousados, as empresas deixaram para trás concorrentes de peso, como Ecorodovias e CCR, as grandes vencedoras do 1º leilão de rodovias federais, no governo FHC. As propostas feitas pelos grupos representaram tarifas baixíssimas de pedágios, que variavam de R$ 0,997 a R$ 3,865 - fato que foi amplamente comemorado pelo governo.

Agora, no entanto, as concessionárias argumentam que foram atrapalhadas pela burocracia do Estado para iniciar as atividades de cobrança de pedágio, o que teria causado prejuízo de milhões. Segundo o diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo, nos pedidos de reequilíbrio, elas argumentam que a construção das praças de pedágio foram prejudicadas por demora na obtenção de licenças ambientais e desapropriação de terrenos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ESPELHO DA BARRA

http://www.matacoracao.blogspot.com/

Hoje tenho uma pressa,
que não a do ponteiro que tudo pontua.
Mas, de pontes que me levem a barras
de onde eu possa me ver sem barragens.

Já não quero metaforizar o entorno
que se entorna sobre mim como lama.
Todas as palavras de todo o mundo hoje estão sem
significado.

Eu que tanto fiz e faço uso das letras,
Agora me sinto por elas usada.
Não posso expressar o que me ultrapassa.
Meu espelho é sem moldura e sou moldada.

Mas, não sinto ser eu no reflexo,
Sou refletida por olhos estelares que me cercam.

Não existo, embora viva todo o tempo.
Conto com tabuada o dia em que me reconheci.
E devo ser mesmo só parte de uma conta.

Quis fugir para dentro de um conto,
Mas em ilusão real já me encontrava.

Com vocábulos sem sentido,
Hoje desejo não ter fala:

O deserto oasístico da dor,
O silêncio do olhar cúmplice,
O riso verdadeiro e sem som.

Preciso escrever com as marcas de expressão de um velho,
e combinar gestos dos outros para relatar pensamentos que
calo.

Porque perdi a fala, ou nela me perdi.
Encontrei sol na solidão e para o que era morri.

Ainda há vida sob frases e vidros espelhados.

FABÍOLA MUNHOZ

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tijuco Alto é citado em artigo de Rui Polly sobre a candidatura de Marina Silva

http://www.revolutas.net/

(sobre documento "Orientações Estratégicas do MMA" elaborado pela então ministra Marina Silva em 17 de Julho de 2007):

"...
Como se vê, a preocupação real é a redução do tempo para a concessão de licenças ambientais. E não por acaso, as metas apontadas nos “Indicadores de desempenho” são semelhantes às sugeridas pelo Banco Mundial em seu relatório “Licenciamento de Usinas Hidroelétricas no Brasil”, encomendado à instituição pelo Ministério de Minas e Energia (disponível no site do Banco Mundial).

Há ainda casos paradigmáticos como a concessão de Licença Prévia (LP) à UHE de Tijuco Alto. Durante 20 anos os movimentos sociais do Vale do Ribeira conseguiram impedir a concessão da LP. Antonio Ermírio de Moraes obteve finalmente a LP, durante a gestão Marina Silva... Uma curiosidade: o presidente do Ibama era Basileu Margarido, que se filiou ao PV no mesmo dia que a senadora.
..."

Ver artigo completo em:
http://www.revolutas.net/index.php?INTEGRA=1282

No site do Revolutas, tem um link para Tijuco Alto:
http://www.revolutas.net/index.php?ID=79

Só uma correção... a Licença Prévia (LP) de Tijuco Alto NÃO foi concedida. O que se tem é um documento chamado "Parecer Técnico Favorável" datado de 26/02/08 que aponta uma possível decisão política do IBAMA, mas que depois da ocupação deste órgão em 12 de março de 2008, ainda não se efetivou.

Os movimentos sociais ainda conseguem impedir a construção da UHE Tijuco Alto!

Diante de tanto poder econômico da Votorantim e Camargo Corrêa e de apoio político de Lula e Dilma (Governo Federal) e de Serra e Samuel Moreira (Governo Estadual)...

... cada dia sem a LP é uma vitória!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Palavras sobre Belo Monte, Tijuco Alto e os parceiros de outrora...

A tentativa de construir a qualquer custo a Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, região de Altamira (PA) vem causando revolta às populações locais.

O IBAMA, que deveria proteger o meio ambiente e que se fracionou com fins de liberar empreendimentos (com aval da ex-ministra Marina Silva), vem tentando manter o debate longe das populações mais interessadas.

A UHE Belo Monte afetaria 66 municípios, 11 terras indígenas e 20 mil pessoas SOMENTE no município de Altamira.

E o IBAMA quer fazer APENAS 4 audiências publicas.

História semelhante se passou no Vale do Ribeira (SP/PR).

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) do Grupo Votorantim - o mesmo que aceita trabalho escravo na construção da Usina Rio Verdinha (GO) - tenta há 20 anos construir a Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto no Ribeira de Iguape, o último rio de São Paulo que não tem barragem.

Esta construção se daria entre os municípios de Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR).

O IBAMA, após muita luta das comunidades e dos movimentos sociais do Vale do Ribeira realizou SOMENTE 5 audiências públicas em julho de 2007.

Muitos municípios como Cananéia, Iguape e São Paulo, entre outros, não foram contemplados, até o momento, com nenhuma audiência pública, apesar de suas comunidades e entidades representativas terem solicitado dentro do prazo, além de Cananéia e Iguape pertencerem à Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape.

As águas do Ribeira, ao chegarem em Iguape, Ilha Comprida e Cananéia, formam o Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, mais conhecido como Lagamar.

Além do delicado equlíbrio de seus manguezais e restingas, é neste ambiente que cerca de 10 mil pessoas dependem da pesca da manjuba, que teria a sua ocorrência seriamente afetada na região com a construção da barragem, que reduziria o fluxo de água doce, essencial na distribuição, alimentação e reprodução deste peixe, como mostra parecer do Instituto de Pesca de Cananéia.

Além da manjuba, outras espécies de peixe com importância econômica menor poderiam ser afetadas, causando um efeito dominó, já que muitos animais se alimentam deste peixes. É o caso do boto-cinza, símbolo da cidade de Cananéia e que atrai muitos turistas ecológicos para a região.

A audiência pública no Lagamar tem que acontecer, conforme orienta resoluções do próprio IBAMA.

Este órgão vem se mostrando uma ferramenta do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), já que se adequa, sem questionar, às políticas do Governo Federal, aquele do Lula.

Aliás, muitos movimentos sociais com importância histórica no Brasil, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) tem se mostrado, no mínimo apáticas na defesa dos direitos das comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas.

A ponto de no Fórum Social Mundial de Belém, no começo do ano, alguns sindicalistas desta central defenderem com unhas e dentes o projeto de Belo Monte. Pareciam luletes.

No Vale do Ribeira (SP) também sentimos falta de uma ação direta da CUT de Registro, pouco ativa, indo com a maré desenvolvimentista e sempre em defesa do governo Lula, mesmo que medidas contra trabalhadores sejam tomadas. A mensagem é: não falem mal do governo!

Políticos da região que, historicamente eram contrários, já foram convencidos pelo seu grande líder do Planalto que esta história de barragem não é tão ruim assim, quem sabe não traz emprego para a região... até um pedágio de uma multinacional espanhola na região foi saudado com entusiasmo...

Resumindo: o Ministério de Minas e Energia (um trator nas audiências), o Ministério de Meio Ambiente (seja na pele da Marina, seja no colete do Minc), o próprio IBAMA e, por incrível que pareça, a CUT têm contribuído e silenciado para que empresas como Votorantim, Camargo Corrêa, Bunge e Odebrecht consigam destruir os recursos naturais em benefício somente de suas famílias já bastante abastadas.

Já sabemos quem são os aliados do Governo Federal: Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander, Camargo Corrêa, Votorantim, José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor de Melo...

E que, na palavra do próprio presidente da República, quem atrapalha o desenvolvimento do país são os ambientalistas, os quilombolas, os indígenas e o Ministério Público.

Temos que virar a página e começar a buscar quem são, de fato, os aliados da população e dos trabalhadores. E certamente não estão no Governo Lula, nem nos governos Serra (SP) e Ana Júlia (PA).

Aliados são todos aqueles que não se venderam ao discurso barato de que destruição traz desenvolvimento para todos.

Num Brasil dito de todos, poucos enriquecem, ops, desenvolvem.

André Murtinho Ribeiro Chaves

Ministério Público do Pará recomenda mais Audiências Públicas para debater Belo Monte

MPF/PA recomenda mais audiências para debater Belo Monte com moradores do Xingu

9/9/2009 14h14

Para o procurador da República em Altamira, não basta o Ibama visitar cidades centrais da região afetada. Atendendo ao apelo dos moradores, é preciso ir até vilas e comunidades explicar o projeto

http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias/noticias-do-site/meio-ambiente-e-patrimonio-cultural/mpf-recomenda-mais-audiencias-para-debater-belo-monte-com-moradores-do-xingu


Depois de receber apelos de lideranças comunitárias das agrovilas e travessões da rodovia Transamazônica e de comunidades ribeirinhas do Xingu, o Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) enviou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) recomendação para que agende mais audiências públicas para debater o projeto da hidrelétrica de Belo Monte. O instituto tem prazo de cinco dias para responder à recomendação.

O MPF/PA considera insuficientes as audiências públicas agendadas até agora pelo órgão responsável pelo licenciamento da usina. São apenas quatro audiências em cidades centrais, número pequeno, dada a dimensão do projeto e a quantidade de comunidades que serão afetadas.

Para se ter uma ideia dos impactos de Belo Monte: pelos estudos iniciais, afetará direta e indiretamente 66 municípios e 11 terras indígenas; só na cidade de Altamira 20 mil pessoas terão que sair de suas casas; e ao longo do curso, o rio Xingu terá 100 quilômetros de extensão drasticamente alterados.

As audiências estão previstas para os próximos dias 10, 12, 13 e 15 de setembro, respectivamente nas cidades de Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira e Belém, o que significa um percurso de mais de 700 quilômetros. A agenda apertada causou descontentamento nas comunidades que procuraram o MPF.

“Ao prever quatro municípios diferentes em seis dias, o Ibama atrapalha o comparecimento dos interessados e deixa os moradores com a sensação de que, em vez de debater o projeto, está preocupado em apressá-lo”, disse o procurador da República Rodrigo Costa e Silva, que fez a recomendação de pelo menos mais 13 audiências além das já previstas.

“É dever do empreendedor garantir a efetiva participação popular nas audiências”, considera a recomendação, para acrescentar que a realidade local é peculiar e “grande parte das terras indígenas, ribeirinhos e moradores de fazendas não têm acesso por estradas, e o deslocamento demandará horas de transporte fluvial”.

As comunidades que pediram para receber os técnicos do Ibama e debater em audiência pública o projeto de Belo Monte são: Travessão Cenec, Travessão Cobra Choca, Agrovila Sol Nascente, Travessão KM 27, Terra Indígena Arrara da Volta Grande do Xingu, Terra Indígena Paquiçamba, Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade, Comunidade Santo Antônio, Ressaca, Porto de Moz, Belo Monte, Reserva Extrativista do Xingu, Agrovila Leonardo da Vinci, Reserva Extrativista do Iriri e Terra Indígena Tukumã.

Recomendações são documentos enviados a órgãos públicos ou particulares para que cumpram determinados dispositivos constitucionais e legais. É uma das formas de atuação extrajudicial do Ministério Público. Se não atender à recomendação, o ente recomendado poderá ser processado judicialmente.

Assessoria de ComunicaçãoProcuradoria da República no Pará
Fones: (91) 3299.0148 / (91) 3299.0177 / (91) 9999.8189 / (91) 8212.9526
Twitter: @MPF_PA

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gilmar Mauro critica a construção da Hidrelétrica de Tijuco Alto


Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST, fala à Debate Socialista sobre a falência do projeto democrático popular, a necessidade de superação do “etapismo” e de rearticulação dos movimentos sociais e da esquerda combativa que “continua desenvolvendo o conflito de classe” no Brasil, na América Latina e no mundo.

Debate Socialista - Entre os principais desafios que você aponta está o problema da reorganização dos movimentos sociais e, com ela, a questão fundamental da necessidade de unidade para um novo fortalecimento desses movimentos para enfrentar o capital.Como o MST avalia o processo de reorganização sindical e partidária que tem ocorrido no Brasil?

Gilmar Mauro (MST) - Primeiro, acho que estamos vivendo ainda um término de um ciclo que conduziu os movimentos sociais, desde o ascenso dos anos 70, por um caminho que aglutinou toda a esquerda em torno do projeto democrático popular. Esse ciclo não se acaba de uma hora para outra, estamos numa fase em que o novo ainda não surgiu e o velho ainda não desapareceu, de sair de sonhos e fazer reflexões. Mas há iniciativas novas de reaglutinação, de reorganização, etc. O MST obviamente aposta nessa perspectiva de reorganização tanto dos movimentos sociais como das estruturas políticas, dos instrumentos políticos. Agora, o MST vive um processo de metamorfose interna também, é parte do ciclo anterior pro novo ciclo. Mas acho que estamos caminhando para estabelecer alguns critérios políticos. Por exemplo, com quem buscar alianças estratégicas? Com quem continua desenvolvendo o conflito de classe, a luta de classe, quem enfrenta a lógica do estado burguês e do capital, desenvolve lutas. Isso é fundamental nesse momento, inclusive para não se perder. Dois, com organizações que tenham efetivamente base popular. Isso não significa não ter que dialogar com outros setores. Temos que dialogar com amplos setores. Agora, em termos de alianças prioritárias o nosso entendimento é com quem tem bases populares ou perspectiva de aglutinar bases efetivamente, porque em luta política o que conta também é força organizada.

O que nós precisamos combater nesse período permanentemente? As políticas dos hegemonismos, do vanguardismo, do adesismo ao governo. E nós precisamos ajudar. Não no sentido de superioridade, mas nós temos que nos somar à construção de novos instrumentos organizativos. Uma das questões que está posta é, por exemplo, a do proletariado agrícola. Como organizar? Como o MST se envolve nessa perspectiva que é parte do enfrentamento à lógica do capital no campo, e é muito mais complexo porque no campo você o químico que atua na produção do etanol. Então não é só o proletariado agrícola, o cortador de cana, tem outros setores da classe trabalhadora. E mesmo o proletariado agrícola é itinerante, então a organização vai ter que ser itinerante. O cara começa aqui em São Paulo, desce pro Paraná, sobe pra Minas... E como você organiza essa classe? São desafios que estão postos. Como fortalecer a luta, por exemplo, do MAB, o Movimento dos Atingidos por Barragens. Uma luta que aqui em São Paulo ganha uma dimensão muito interessante, contra o Grupo Votorantim, no Vale do Ribeira, que é a nossa Amazônia Paulista e está sendo privatizada. Como fortalecemos essa luta e nos somamos a essa luta. E assim como os setores da classe operária, o movimento sindical. Nós temos nos aproximado bastante da Intersindical, entendendo que é um processo de recuperação da luta sindical, inclusive da tomada de sindicatos com um viés de esquerda, diferente do que, por exemplo, a CUT se transformou.

Confira entrevista completa em:

Debate Socialista
Revista Eletrônica, Teórica e Política
http://www.debatesocialista.com.br/entrevistagilmarmauro.html

Trabalho Escravo em Usina da Votorantim

Obras da Votorantim utilizavam 98 trabalhadores em condição escrava

http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=7622&Itemid=1

(1'53'' / 444 Kb) - O Ministério Público do Trabalho, através de seus fiscais, resgatou 98 trabalhadores em condição semelhante à de escravidão nas obras da Usina Salto do Rio Verdinho, no interior de Goiás. Sob a responsabilidade da Votorantim Energia, a construção faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que tem financiamento de R$ 250 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os trabalhadores foram privados de camas e banheiros e não recebiam salários – o trabalho era trocado por comida. Eles trabalhavam para uma empresa terceirizada, a Construtora Lima e Cerávolo, responsável pelo desmate da área da usina. O coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Neto, falou sobre a responsabilidade da Votorantim no caso.

“A Votorantim contratou a empresa, então deve ter todas as informações referentes a esta empresa. Se a empresa fere as leis trabalhistas e a dignidade humana, a Votorantim tem que estar ciente disto e fiscalizar, senão a Votorantim se omite e vira cúmplice deste fato.”

Para José Neto, o caso serve para desmistificar a ideia de que o uso de trabalho escravo não acontece em construções.

“Tem que se descaracterizar que só a cana e plantações de monocultura têm trabalho escravo. Ele existe em outras situações, sempre ligado a grandes produtores ou grandes empresas, como neste caso da Votorantim.”

Após a denúncia, a Votorantim pagou as dívidas que possuía com os trabalhadores, que somou um total de R$ 420 mil. Os trabalhadores também foram transportados para as suas cidades de origem. O contrato com a empresa Construtora Lima e Cerávolo foi cancelado.

De São Paulo, da Radioagência NP, Ana Maria Amorim.

08/09/09

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Um grito contra a crise e a exclusão

Em sua 15ª edição, Grito dos Excluídos mostrará desaprovação dos trabalhadores com o atual modelo econômico

02/09/2009
Patrícia Benvenuti
da Redação

A ordem é reivindicar, e não comemorar. Com esse mote, organizações populares, movimentos sociais e entidades ligadas à Igreja promovem a 15ª edição do Grito dos Excluídos, como contraponto às festividades oficiais da Semana da Pátria.

Neste ano, as atividades acontecerão em quase todos os estados, além do Distrito Federal, e a expectativa é de que mais de um milhão de pessoas participem. Em São Paulo, as ações ficarão concentradas no dia 7, a partir das 8 horas, com uma missa na Catedral da Sé. Na sequência haverá uma mística e falas iniciais e, em seguida, os manifestantes caminharão até o Monumento da Independência, no Parque Ipiranga, onde será realizado um ato público.

Sob o lema "Vida em primeiro lugar, a força da transformação está na organização popular", o Grito se somará às mobilizações que têm denunciado o atual modelo econômico, responsável pela crise financeira, como explica Ari Alberti, integrante da Secretaria Nacional do Grito dos Excluídos: "O Grito questiona esse modelo econômico que está aí, que se sobrepõe à vida, e diz que, se quisermos mudanças, teremos que construir".

A manifestação é caracterizada por suas pautas descentralizadas, de forma que cada região aborde suas próprias questões e particularidades. Alberti garante, porém, que alguns temas estarão no centro de todas as manifestações, como as denúncias recentes em torno do Senado. "Fica complicado ver a casa que faz as leis fazendo tantas falcatruas. Por isso, também o nosso lema, a força da transformação, está na organização popular", ressalta.

Já Juvenal Rocha, integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), uma das organizações que participa da coordenação do evento, destaca a preservação do meio ambiente como uma das questões mais imediatas a serem trabalhadas. Para ele, a situação se agrava com a falta de políticas públicas que possam frear o avanço do desmatamento e do agronegócio. "O Grito mantém a população pelo menos informada de uma situação que pode diminuir a vida do planeta", diz Rocha, lembrando que o combate ao trabalho escravo e o limite da propriedade rural também fazem parte das reivindicações.

O Grito ainda será um protesto contra a repressão aos movimentos sociais e a impunidade. Para Alberti, casos como a chacina que deixou sete moradores de rua mortos no centro de São Paulo em 2004 e a morte do sem-terra Elton Brum, no dia 21 de agosto, no Rio Grande do Sul, mostram a urgência de cobrar justiça e punição aos responsáveis pelos crimes. "Essa questão com certeza vai estar presente, assim como a falta de reforma agrária", completa.

Saldo positivo

Desdobramento da Segunda Semana Social Brasileira, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e por pastorais e movimentos, o Grito dos Excluídos surgiu em 1995 reivindicando soberania e uma verdadeira independência para o país.

Ao longo de seus 15 anos, o protesto ganhou importância e participação crescente por parte de diversas organizações. Além do Brasil, o Grito hoje está presente em cerca de 15 países latinoamericanos, que promovem o Grito dos Excluídos Continental em outubro.

O alcance do Grito, para Alberti, demonstra o êxito da iniciativa, cuja principal contribuição tem sido consolidar um espaço de manifestação popular durante a Semana da Pátria. "Antes, a gente só tinha a oficialidade. Agora se vê que tem gente se manifestando com outros gritos nessa data. Hoje a Semana da Pátria está mudada, deixou de ser a semana dos desfiles oficiais para ser a do povo na rua", completa.

Outra contribuição, para Rocha, é de manter a articulação entre diferentes redes dispostas a promover um trabalho de cidadania. "O Grito responde a uma necessidade da sociedade brasileira de que não basta apenas celebrar a Independência, porque o país ainda carece de políticas para uma parte que passa fome, que não tem acesso à saúde e a uma educação que responde à realidade", assegura.

Apesar de comemorar os avanços do Grito, Alberti ressalta que ainda há muito o que conquistar. Nesse sentido, ele assegura que o maior desafio é incorporar cada vez mais pessoas que estão à margem do sistema. "Estamos no rumo de os excluídos serem, de fato, sujeitos do Grito".

7 de Setembro... Mais um Grito no Vale do Ribeira!


No Vale do Ribeira acontecerá em Registro, no dia 07 de Setembro.
Concentração às 9h, na Praça dos Japoneses.
Venha questionar se realmente o Brasil é independente.
A Crise Econômica Global se agrava...
O Brasil "empresta" dinheiro para o FMI...
Se pergunte:
Onde está a Independência do Brasil?
Venha e traga a sua faixa, sua bandeira e sua indignação...

Traga o seu Grito!
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15º Grito dos Excluídos – 2009

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3710/9/

Escrito por Waldemar Rossi
03-Set-2009

Os trabalhadores brasileiros organizam seu 15º Grito dos Excluídos. É o momento certo para dizer um sonoro "Basta!" aos desmandos econômicos, políticos e éticos que são praticados no país.

Nascido das Semanas Sociais Brasileiras, organizadas pelos setores pastorais da CNBB, contando com a participação de inúmeros movimentos sociais, o Grito dos Excluídos vai se tornando uma realidade nacional e sul-americana. De início, restringiu-se à cidade de Aparecida, no estado de São Paulo, em conjunto com a Romaria dos Trabalhadores, e mais algumas cidades espalhadas pelo Brasil. Já no ano seguinte, o Grito se espalhou e hoje se realiza na maioria das cidades grandes e médias do país. Seus temas são sempre os que estão relacionados com a população mais marginalizada, daqueles que não conseguem ser ouvidos pelos poderosos que governam a nação. São os gritos dos sem terra, dos sem moradia, dos moradores de rua, dos menores abandonados, dos sem trabalho, dos sem serviços de saúde e educação públicas, dos discriminados por serem negros ou mulheres.

Enfim, têm sido os gritos dos marginalizados por essa sociedade hipócrita, exploradora, concentradora das riquezas socialmente produzidas, discriminadora, corrompida e corruptora em todos os seus "Poderes".

Entre os temas mais constantes dos Gritos está o despertar da consciência para a importância da organização e da ação popular como força transformadora da nação. Outro tema central tem sido a Defesa da Vida como dom maior de toda a Humanidade e não um privilégio de uma minoria sem escrúpulos.

Neste ano os temas vão também na direção de "A vida em primeiro lugar" e "A força da transformação está na organização popular".

O primeiro tema quer nos fazer compreender que os interesses do capital não podem continuar a se sobrepor ao direito à vida. Direito à vida em todas as suas dimensões: física, cultural, de saúde, de moradia decente, trabalho bem remunerado, lazer sadio, assistência social plena, enfim, de vida que traga felicidade. Neste sentido clama por trabalho para todos, por justa distribuição de rendas, por políticas públicas voltadas para atender às básicas necessidades do povo todo. Aos governantes compete pôr em prática políticas que incluam a todos e todas, e não as que só satisfazem à avidez dos gananciosos. Defender a vida, portanto, deve ser o centro permanente de nossas ações políticas.

O segundo chama a atenção para a importância da organização popular, porque sem organização não haverá ação coletiva e sem ação coletiva não haverá transformação da sociedade. O Grito procura mostrar que historicamente as mudanças só aconteceram quando povos despertaram para a dura realidade de exploração e dominação a que estiveram submetidos; quando descobriram que sua força estava na organização e na ação coletiva.

Assim também aconteceu no Brasil, quando a consciência popular despertou para a compreensão de que a ditadura militar, apesar de todo o poderio das armas, poderia ser derrotada pela pressão do conjunto do povo. A soma das mobilizações populares foi tamanha e tão perseverante que não mais seria possível continuar a reprimi-las. Foram os movimentos nascidos nas comunidades da periferia lutando contra o alto custo de vida; foram os universitários ocupando as ruas das cidades clamando pelo seu fim; foram os intelectuais condenando o regime e exigindo a volta da legalidade; foi a constante condenação das igrejas às violências e à falta de liberdade e ao próprio regime de exceção e, somando-se a tudo o mais, foram os trabalhadores da cidade e do campo com suas greves e movimentos de ocupação que precipitaram o fim do regime de exceção.

Portanto, todos os trabalhadores do Brasil devem se sentir os responsáveis pelo êxito e pela força do Grito dos Excluídos, porque é a classe trabalhadora – incluídas suas famílias, é claro – que vem pagando pelos crimes cometidos pelos que ocuparam os poderes, por aqueles que deveriam governar obedecendo à norma constitucional de que "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido".

"A vida em primeiro lugar" deve ser nosso brado retumbante e "A força da transformação está na organização popular" deve ser o leme a guiar nossos objetivos imediatos e de longo alcance. Trabalhador consciente, não importa qual seja sua profissão ou ocupação, não pode ficar de fora: participe, FORTALEÇA e faça seu o GRITO DOS EXCLUIDOS!

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.