segunda-feira, 30 de junho de 2008

Informativo 03 – O VALE DO RIBEIRA E O LICENCIAMENTO DA USINA HIDRELÉTRICA DE Tijuco Alto

Planejar para que?

O mês é novembro, mas a cena é comum durante todo verão. Ligamos a TV e as notícias mais frequentes são enchentes, alagamentos e deslizamentos. Muitos esbravejam contra as chuvas e o “mau” tempo, mas a causa destes desastres está na falta de planejamento e/ou sua má execução. A cidade de São Paulo é um ótimo mau exemplo. O município foi construído sobre um território com muitos rios e córregos que durante os períodos de chuvas, naturalmente, encheriam. E é isto que acontece, mas a cidade esta sobre estas áreas de alagamento, logo, é ela que fica embaixo d’água. Hoje, para solucionar este problema é preciso grande investimento de recursos financeiros porque há muitos interesses e pessoas envolvidas. Se o município tivesse um planejamento territorial antes de ocupá-lo, estas áreas poderiam ter um outro destino que não o de moradias, por exemplo.

É justamente para evitar que este caos se repita em outros locais que se busca o planejamento do ambiente. Quando falamos de planejamento da Bacia Hidrográfica, tanto a legislação brasileira quanto a do estado de São Paulo, prevêem sua elaboração e execução. Mas antes de planejar é necessário conhecer o que estamos planejando. Conhecer o relevo, o solo e a dinâmica das águas pode ser um bom começo.


Um pouco da História

A história da formação geológica do Vale do Ribeira começou a cerca de 2,6 bilhões de anos atrás. Sua reconstrução retrata momentos bem distintos da formação do Planeta, desde quando todos os continentes estavam unidos até a formação atual, passando por períodos em que a parte interior do Vale era marinha. É desta história que hoje temos relevos montanhosos, relevos apenas ondulados, planícies aluviais, reservas minerais, recursos hídricos, diversidade biológica e cultural.


Relevo e Hidrologia

A Bacia Hidrográfica Ribeira de Iguape pode ser dividida em duas partes, uma do Alto ao Médio Ribeira e outra do Médio ao Baixo Ribeira.

Na parte Alta o relevo é montanhoso e está em franco processo de escavação. Esta escavação, um processo natural, leva a maior profundidade do leito do rio e uma dinâmica hídrica acelerada, com correntezas e turbidez, ou seja, alta energia. Assim, há grande capacidade de transporte e dissipação de sedimentos. Além disso, o relevo acentuado favorece o rápido escoamento superficial das águas. Isto é intensificado pela composição argilosa do solo, uma vez que a argila dificulta a entrada de água, chegando até a impermeabilizar o solo quando ele fica exposto, como no caso das estradas.

Já a parte do Médio e Baixo Vale é composta por planícies aluviais, formadas por um processo de sedimentação. Nestas planícies as águas são calmas e podem concentrar o que foi levado pelo rio das suas partes elevadas. Se houver uma contaminação no Alto vale, por exemplo, prejudicará muito mais o Baixo Vale, uma vez que este tem águas mais lentas e com menor poder de dissipação. Nessa região deverão ocorrer enchentes periodicamente, pois as águas ocuparão todo o espaço do leito do rio.

Este sistema hídrico é único, com muitos rios subterrâneos, formados pelas águas das chuvas que dissolvem as rochas calcáreas. Isto é fácil de observar em um passeio pelo PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), onde dentro das cavernas é necessário atravessar alguns rios.

Mas em todo o Vale o Rio Ribeira passa por uma estação chuvosa e outra de seca bem marcada. Com isso a quantidade de água do rio muda, ou seja, a vazão do rio muda. Na época de chuva há uma vazão maior do que na época seca. Um dos fatores que diminui essa diferença de vazão é que quando chove a água da chuva infiltra no solo e durante a seca parte dessa água subterrânea abastece o rio, e ainda assim a vazão do rio é irregular.

No baixo Ribeira ainda há a conexão e formação do Complexo Estuarino Lagunar. Um estuário tem mistura de água doce dos rios, nesse caso principalmente do Ribeira, com a água salgada do mar. Os estuários são tidos como berçários devido ao grande número de animais que ali vivem e/ou se reproduzem aproveitando o grande aporte de nutrientes das águas doces e salgadas. Isto é tão significativo neste estuário, que ele foi classificado como o terceiro ecossistema mais produtivo do Atlântico Sul.

Usos e ocupação

Rochas solúveis (calcáreas), solo argiloso, minérios, rios subterrâneos, relevo montanhoso em escavação seguido de planícies aluviais que inundam e região estuarina, são alguns dos fatores que fazem do Vale do Ribeira uma região rica, mas frágil. Esta fragilidade deve ser entendida para que se possa planejar a ocupação do território sem causar danos futuros, ou ao menos, minimizá-los.

Alguns dos usos atuais são bastante condizentes com esta condição, como as agroflorestas e o turismo, ainda que estes usos possam e devam ser potencializados. A pesca artesanal também tem se mostrado condizente, ainda que o manejo pesqueiro seja mais complexo, principalmente no estuário, onde as espécies marinhas migram para fora desta região e sofrem outras interferências e usos.

Mas muitas formas já causam grande impacto negativo. Muitas pastagens são feitas em terrenos com declive, ou seja, bastante inclinados. Para percorrer os morros, o gado faz trilhas, praticamente como em curvas de nível, que com o pisoteamento leva a escassez do pasto nos caminhos, expondo o solo. Ainda nestas pastagens há períodos de queimada que também expõe o solo e por vezes aumenta o desmatamento. Este dois processos são críticos pelo solo exposto, que com a água da chuva – a qual chega com mais força ao solo já que nada amortece a queda – no solo argiloso leva a maior impermeabilização e rápido escoamento para os rios, impedindo a água de se infiltrar comprometendo a recarga das águas subterrâneas, e comprometendo a vazão dos rios durante os períodos de seca. Além disso, as cinzas escorrem rapidamente para os rios aumentando a acidez das águas.

Processo semelhante acontece nas monoculturas de Pinnus sp. e eucalipto, que precisam de muitas estradas cortando os morros, para poder transportar as toras, dessa forma expõe e compacta o solo argiloso. Mais uma vez a água da chuva passa muito rapidamente, não infiltra e não recarrega as águas subterrâneas, mudando a vazão do rio durante as secas. E isto afeta a bacia hidrográfica toda.

No Médio e Baixo Vale as monoculturas de banana nas planícies, no local da Mata Ciliar, geram contaminação das águas que são consumidas e contribuem ao maior assoreamento do rio.

Tudo isso reforça a necessidade de planejar o uso da Bacia Hidrográfica como um todo, o que neste caso é apenas cumprir a lei.

U.H.E. Tijuco Alto

Um dos riscos, nesta formação montanhosa, é que a barragem nunca encha. Como está sobre solo calcáreo, muito solúvel, pode ter um sistema subterrâneo próximo (isso é difícil de prever) e a água do reservatório dissolve a rocha, passando para outros locais. Isto leva a um comprometimento não apenas da Usina Hidrelétrica, mas também dos usos múltiplos da água na região, uma vez que, a água terá um outro caminho diferente do rio Ribeira.

Se o reservatório encher, devido ao processo de escavação do rio, a barragem pode naturalmente assorear e o seu tempo útil será muito reduzido. Além disso, a criação de estradas levará a maior impermeabilização, em um processo semelhante ao descrito para as estradas de Pinnus sp. e eucalipto. Se isto ocorrer, durante o período de seca terá que ser liberado pouca água, comprometendo o restante do rio e a população que vive dele e de seus recursos.

Dentro do processo de planejamento, como ver a UHE Tijuco Alto? Se fosse feito um plano de uso da Bacia Hidrográfica, todas as questões apresentadas acima e muitas outras informações deveriam ser ponderadas para que nenhum uso comprometesse outro. Diversas entidades deveriam participar da tomada de decisão. Em um projeto com tantos riscos, a sociedade poderia se valer do princípio da precaução. Infelizmente isso não aconteceu.

Mayra Jankowsky

domingo, 29 de junho de 2008

Eles querem mais barragens!


A campanha em defesa da Estrada Parque de Itu e das corredeiras do Tietê que estão ameaçadas de desaparecer com a implantação de barragens começou!

Petição: http://www.petitiononline.com/sparque

Informações no flechadeluz.org

A EMAE quer implantar duas PCHs na Estrada Parque e uma delas, junto ao Jequitibá Rosa, símbolo da unidade de conservação, na Rodovia do Romeiros. No lote de concessão da ANEEL o Tietê, nesse trecho especialmente preservado pela Constituição Paulistas (artigo 196), tem potencial hidroenergético para quatro barragens. Isso acaba com as corredeiras e com capacidade natural de recuperação do maior rio paulista e inunda 120 hectares de mata atlântica, dentre outros patrimônios naturais e culturais como a Estrada Parque, conhecida como Rodovia dos Romeiros e a Gruta da Gloria, monumento geológico e turístico da região.

Para mobilizar a sociedade em defesa desses patrimônios a Conexão Braço de Orion, o Blog De Repente, a SOS MAta Atlântica lançaram uma campanha eletrônica com uma petição on line, que reuniu em poucas horas 240 assinaturas. Necessitamos de muito mais!

Por favor assine e divulgue


Baixe os selos da Campanha
Outros caminhos:

www.flechadeluz.org
www.rededasaguas.org.br

Início de diálogo?


Depois de ocupações em hidrelétricas, MAB e governo
se reúnem em Brasília


24.06.2008

http://www.mabnacional.org.br/noticias/240608_mab_brasilia.htm

Dias depois dos protestos do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina contra o modelo elétrico e o agronegócio, com trancamento de rodovias e ferrovias e ocupações de hidrelétricas e empresas, a Secretaria Geral da Presidência da República agendou uma reunião com o MAB para amanhã, 25 de junho.

Representes do movimento serão recebidos pelo ministro Luiz Soares Dulci e apresentarão o panorama da real situação dos atingidos frente à política energética adotada pelo governo e pelas empresas que controlam o setor. Além disso, será retomada a pauta de negociações do MAB com o governo que trata dos direitos dos atingidos como terra, infra-estrutura, educação, entre outros, bem como a reestruturação do setor elétrico. Os representes do movimento querem sair da audiência com propostas concretas para a solução dos problemas. “Caso contrário, o clima de insegurança permanecerá e isto pode gerar novas ações de protesto”, afirmam.

Segundo Marco Antônio Trierveiler, da coordenação nacional do MAB, a negociação com o governo precisa avançar: “As barragens agravam a difícil situação da população ribeirinha, principalmente através da exclusão social e do empobrecimento dos municípios, pela desestruturação das regiões. Relatórios da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, da Presidência da República, apontam os graves problemas sociais causados pelas barragens de Acauã (PB), Tucuruí (PA), Aimorés (MG) e Foz do Chapecó (SC/RS). Os problemas são generalizados, o governo também é responsável pela situação e deve posicionar-se quanto a isso”, critica.

A audiência acontecerá amanhã (25/06), às 15h, no 4° andar do Palácio do Planalto. O MAB estuda a possibilidade de solicitar uma audiência com a ministra Dilma Rousseff e com o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para tratar questões referentes aos problemas sociais e ambientas causados pelas obras do PAC.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sociedade Brasileira de Espeleologia se posiciona sobre possibilidade de Governo Federal legalizar destruição de cavernas

GOVERNO QUER MUDAR A LEGISLAÇÃO ESPELEOLÓGICA PARA LIBERAR OBRAS

Por Marcelo Augusto Rasteiro (SBE 1089)

http://www.sbe.com.br/sbenoticias.asp

http://www.sbe.com.br/sbenoticias/SBENoticias_090.pdf

Nos próximos dias, o governo brasileiro deve revogar o Decreto que impede a supressão de cavernas e aprovar uma nova legislação dando superpoderes ao Ibama, pondo em risco as cavernas e a própria espeleologia.

São, pelo menos, duas frentes defendendo os interesses desenvolvimentistas, uma através do Projeto de Lei que tramita rapidamente na câmara, e outra através de Decreto ( ) que provavelmente será aprovado mais rapidamente,
já que só depende de uma assinatura.

As duas propostas conhecidas visam liberar a supressão de cavernas mediante
um licenciamento aprovado pelo Ibama. Segundo a Pré-proposta de metodologia de até mesmo cavidades muito relevantes poderão ser suprimidas desde que se comprove que isso atenda a demanda econômica e social de interesse macroregional.

O EXEMPLO DA TIJUCO ALTO

Para quem ainda têm dúvidas das reais intenções do governo, vejamos o caso do projeto de construção da Barragem de Tijuco Alto : O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) traz diversas falhas, algumas apontadas pela SBE em parecer entregue ao Ibama, além disso, deixa claro que pelo menos duas cavidades serão inundadas.

Apesar desse impacto irreversível não ser permitido pela legislação vigente, o que foi apontado inclusive pelo CECAV, o Ibama emitiu um parecer favorável ao empreendimento, prevendo que a legislação será alterada para permitir a supressão de cavernas.

Será que o Ibama terá forças para lutar contra “ordens superiores” e garantir a
proteção ambiental? Não podemos nos esquecer de que o instituto foi dividido ao meio como uma clara represália pela não liberação de obras.

SUPER-PODERES?

As propostas de alteração trazem duas ameaças, a possibilidade de destruição
de cavernas e o controle autoritário sobre a espeleologia.

No tocante à destruição de cavernas, bastará que o empreendedor comprove através de estudos o grau de relevância da caverna e a importância do seu empreendimento. O problema é que segue o mesmo processo de qualquer licenciamento ambiental, ou seja, o empreendedor contrata uma equipe de técnicos para fazer um laudo que mais lhe convém e o Ibama avalia sob a pressão de quem estiver a frente do poder executivo. A exemplo do que acontece com a Tijuco Alto, a sociedade pode até se manifestar, como tem feito, mas o governo só ouve o que quer!

Outro fator preocupante é a idéia de controle, quase fascista, do Ibama sobre a espeleologia. Hoje apenas as atividades espeleológicas que envolvam coleta (biológica ou geológica) e mergulho precisam de autorização prévia do Ibama, mas, com as novas propostas, toda atividade espeleológica dependerá de autorização do Ibama ou seguir as regras definidas por este. Isso deve burocratizar as atividades espeleológicas voluntárias, praticamente paralisando-as, assim como acontece com o espeleomergulho há quase 10 anos.

POSICIONAMENTO PESSOAL

Apesar de todos os perigos, parece que a maioria ainda continua acéfala, só se
preocupa quando é pessoalmente impedida de entrar em uma determinada caverna, ou quando vê alguma destruição, mas o rubor do primeiro momento logo é substituido pela indiferença e assuntos do dia-a-dia.

Alguns poucos, os que poderão lucrar com o mercado da venda de laudos, parecem afrouxar seus critérios morais, afinal, com raras exceções, as vantagens pessoais costumam ser colocadas na balança na hora de pesar o certo e o errado.

Outros poucos, e me incluo nestes, apesar de ver o perigo não conseguem evitá-lo. Sinceramente não me sinto competente o suficiente para impedir o que está por vir, apenas mantenho a esperança.

Se você chegou até aqui na leitura, é porque faz parte de uma minoria. Agora só existem dois caminhos: fazer algo ou se fingir de morto.

sábado, 21 de junho de 2008

Movimentos Sociais contribuem para anulação de Licença em Estreito, MA

http://www.mabnacional.org.br/noticias/190608_estreito.htm


http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=5508


19.06.2008

Vitória em Estreito

Após muita pressão popular e várias ocupações e protestos, a Justiça Federal no Maranhão anulou a licença de instalação da hidrelétrica de Estreito, na divisa com o Tocantins. As obras estão paradas desde o dia 17 e a desobediência à determinação pode acarretar multa de R$ 15 milhões. As empresas donas da usina, e que formam o Consórcio Estreito Energia, são a Vale, Alcoa, Tractebel e Camargo Correa. Estreito é a maior usina em construção no país.

A decisão do juiz de primeira instância anula a licença de instalação sob alegação de que houve irregularidades no termo de referência (primeira etapa do licenciamento) e no estudo e relatório de impacto ambiental (EIA-Rima). O juiz também pede novas audiências públicas depois de concluídos os novos estudos em todos os municípios afetados nas bacias dos rios Tocantins e Araguaia. A decisão determinou que os estudos de impacto ambiental da obra sejam ampliados atingindo uma área bem superior.

terça-feira, 10 de junho de 2008

PROTESTO CONTINUA EM SP

Protesto reúne inúmeras organizações e movimentos
em frente ao prédio da Votorantim Energia



MAB, MST e comunidades do Vale do Ribeira se fazem presentes


Movimento Humanista, Educafro, Frente de Apoio ao Vale do Ribeira se fazem presentes



Participantes da manifestação colhem assinaturas para a petição contra a emissão da licença para a barragem

Ocupação no prédio da Votorantim Energia


Hoje pela manhã, o prédio da Votorantim Energia foi ocupado em protesto contra a nova tentativa de construção da barragem de Tijuco Alto no Vale do Ribeira.

A ação, que contou com aproximadamente 600 pessoas, e uma das muitas mobilizações organizadas este ano por diversos movimentos sociais, grupos e organizações ambientalistas, comunidades indígenas, caiçaras, quilombolas e ribeirinhas.

A barragem de Tijuco Alto, se aprovada, será construída para fornecer energia elétrica exclusivamente para a CBA (Companhia Brasileira de Alumínio, do grupo Votorantim), e causará grandes impactos ambientais e sociais. Os estudos de impacto ambiental da empresa foram reprovados duas vezes pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a licença para a construção da barragem foi cassada pelo ministerio público da última vez que a empresa tentou aprovar o projeto.

A ocupação durou pouco tempo. A polícia entrou com violência no local, usando bombas de gás, dando tiros para o alto e batendo nos manifestantes. Algumas pessoas se feriram, não há número preciso ainda.

O Vale do Ribeira é o último grande maciço de Mata Atlântica do Brasil. E o Lagamar (região da foz do rio Ribeira) é uma região de uma especificidade geográfica tão grande que abriga uma das maiores riquezas naturais do mundo em termos de importância estratégica para a biodiversidade. A ponto de ser um lugar que foi nomeado pela UNESCO como patrimônio natural da humanidade. Mas a região não foi incluída no Estudo de Impacto Ambiental, a pesar de a legislação brasileira determinar que os estudos devam ser feitos em toda a bacia hidrográfica.

Uma barragem do porte da barragem de Tijuco Alto, além da destruição necessária para a própria inundação da região, além de todos os impactos causados rio abaixo, requererá que se abram estradas grandes em meio a esse oásis de floresta (uma turbina não passa pelas estradas que ali existem), além de puxar um enorme sistema de estrutura para amparar a construção dessa enormidade. Seria o início de um intenso e poderoso processo de"desenvolvimento" predatório da última região do estado de São Paulo que ainda mantém muitas das suas características naturais originais, e ainda abriga uma grande quantidade de comunidades tradicionais quilombolas, guaranis, ribeirinhas e caiçaras.


O rio Ribeira é o último grande rio do estado de São Paulo que ainda não foi represado por barragens.


Para maiores informações sobre os impactos, veja os vídeos:


"Em defesa do Rio Ribeira de Iguape" ,
http://www.youtube.com/watch?v=P0xkpU2urSw

"Caminhada contra a Barragem de Tijuco Alto"
http://br.youtube.com/watch?v=FlCO0QjuDUo

"Audiência Pública Tijuco Alto"

http://br.youtube.com/watch?v=uR5KZ7_m1_M&feature=related

segunda-feira, 9 de junho de 2008

mais informações sobre UHE Estreito

Decisão da Subseção Judiciária de Imperatriz (MA) é resultado de ação
civil pública proposta pelas Procuradorias da República no Maranhão e
no Tocantins.

A Justiça Federal do Maranhão anulou a licença de instalação da usina hidrelétrica de Estreito. Essa decisão é fruto de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal no Tocantins e no Maranhão.

Pela decisão, o Consórcio Estreito Energia (Ceste), responsável pelo empreendimento, terá que complementar o estudo e relatório de impacto ambiental (EIA/Rima) de forma que a área de influência indireta do lago (AII) seja estendida, conforme especificações apresentadas pelo
MPF. Em caso de não cumprimento, o consórcio estará sujeito ao pagamento de multa no valor de 15 milhões de reais.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também foi condenado a não emitir nova licença de instalação antes da complementação do EIA/Rima, além de promover audiências públicas nos municípios afetados de acordo com o estudo
complementado, devendo a divulgação das audiências alcançar todos os
municípios da bacia hidrográfica Araguaia/Tocantins, sob pena de multa de 500 mil reais.

A decisão judicial também determinou ao Ceste que paralise imediatamente as obras da usina até que seja emitida nova licença de instalação, que só deverá ocorrer após complementação dos estudos de impacto ambiental nas condições estabelecidas. Estão vedadas obras com
finalidade de desvio do curso do rio, como desmatamentos, escavações, explosões ou preparação do canal de desvio das águas. O prosseguimento da obra está restrito à parte já edificada. Em caso de descumprimento, o consórcio estará sujeito a multa no valor de 15 milhões de reais.

Em outra sentença, também da Justiça Federal no Maranhão, o Ceste foi condenado a estender os recursos da compensação ambiental prevista na Lei 9.985/2000 para implantação de unidades de conservação na região da bacia hidrográfica do Araguaia/Tocantins, sob pena de multa no valor de 500 mil reais.

A AII do lago de Estreito, após o complemento do EIA/Rima determinado pela Justiça Federal, deverá ser estendida, latitudinalmente, a partir da barragem da UHE de Lageado (a montante) até o barramento de Tucuruí (a juzante). Longitudinalmente, deve ser estendida do termo de
referência para a área de influência direta até as nascentes de afluentes do Rio Tocantins que deságuem no trecho Lageado - Estreito - Tucuruí.


Rogério Franco
Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República no Estado do Tocantins

Sérvulo Neves
Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República no Estado do Maranhão


domingo, 8 de junho de 2008

Reunião Frente de apoio Vale do Ribeira - São Paulo!

Reunião da Frente nesta segunda (09/06/08)

Local: Sede Movimento Humanista
Rua Alburquerque Lins, 306
Próximo ao metrô Marechal Dedodoro...

Vamo que vamo!!!!

Justiça anula licença para a usina hidrelétrica de Estreito

Justiça anula licença para a usina hidrelétrica de Estreito

da Agência Folha

A Justiça Federal no Maranhão anulou a licença de instalação da hidrelétrica de Estreito, na divisa com o Tocantins.

O Ceste (Consórcio Estreito Energia) terá que paralisar as obras até que seja emitida nova licença de instalação pelo Ibama.

O consórcio terá que complementar o EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) para ampliar a área do reservatório da hidrelétrica.

A desobediência à determinação pode acarretar multa de R$ 15 milhões.

A anulação foi solicitada pelo Ministério Público Federal do Tocantins e do Maranhão e obriga o Ibama a realizar novas audiências públicas nos municípios afetados pelo empreendimento.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Estudantes de Biologia de todo o Sudeste pedem ao IBAMA que não conceda a licença de Tijuco Alto


Macaé, 25 de maio de 2008


Ao IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.


Nós, estudantes de Biologia reunidos no XIX Encontro Regional de Estudantes de Biologia da região Sudeste, em 22 a 25 de maio de 2008 na cidade de Macaé – RJ, endossamos a luta de resistência das comunidades tradicionais do Vale do Ribeira contra a construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Tijuco Alto, entendendo que esta obra proporcionará danos irreparáveis aos ecossistemas da região, afetando o único bolsão menos fragmentado de Mata Atlântica, e as cavernas ao longo da Microbacia hidrográfica do Ribeira de Iguape, pertencentes ao Estado de São Paulo.


A eventual construção da UHE Tijuco Alto expropriará essas comunidades de seus territórios originais, e afetará diretamente sua cultura e atividades econômicas e de subsistência como pesca, maricultura, turismo ecológico, dentre outras.


Portanto, ressaltamos a necessidade de que o Instituto não conceda a Licença Prévia para a execução da obra em questão.


Assembléia Regional de Estudantes de Biologia - SE

domingo, 1 de junho de 2008

Eternos impactos da Barragem de Sobradinho...

Assista a este simples, porém sincero, profundo e emocionante relato de um educador ambiental popular - Luiz Ferraro - em viagem a terras impactadas pela barragem de Sobradinho, semi-árido do norte da Bahia.

Não é preciso estar em baixo d´água para ter sua vida destruída.

Para quem ainda não entendeu o porquê das comunidades ribeirinhas, quilombolas e caiçaras do Vale do Ribeira não quererem a Barragem de Tijuco Alto, espero que compreendam e se mobilizem.

Começando pela assinatura do abaixo-assinado eletrônico http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/635 .

E pela divulgação deste blogue e deste vídeo:

Areia Grande: construção intencional da miséria em Casa Nova
http://br.youtube.com/watch?v=CHLfMSe1gIc

Não deixem a Votorantim assaltar a água , o minério e a biodiversidade do Vale. Deixem que a sociedade da região decida o uso que se quer fazer dos recursos naturais.

Nas audiências públicas, mais de 90% dos presentes se pronunciaram e disseram NÃO!

Na construção da Agenda 21 regional, representantes de 32 municípios do Vale do Ribeira se posicionaram e disseram NÃO!

Nas Conferências Regional, Estadual e Nacional de Meio Ambiente, delegados do Vale do Ribeira, de São Paulo e do Brasil também NÃO querem Tijuco Alto.

Que o IBAMA finalmente ouça a população:

O VALE DO RIBEIRA NÃO QUER TIJUCO ALTO E OUTRAS BARRAGENS!