quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Palavras sobre Belo Monte, Tijuco Alto e os parceiros de outrora...

A tentativa de construir a qualquer custo a Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, região de Altamira (PA) vem causando revolta às populações locais.

O IBAMA, que deveria proteger o meio ambiente e que se fracionou com fins de liberar empreendimentos (com aval da ex-ministra Marina Silva), vem tentando manter o debate longe das populações mais interessadas.

A UHE Belo Monte afetaria 66 municípios, 11 terras indígenas e 20 mil pessoas SOMENTE no município de Altamira.

E o IBAMA quer fazer APENAS 4 audiências publicas.

História semelhante se passou no Vale do Ribeira (SP/PR).

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) do Grupo Votorantim - o mesmo que aceita trabalho escravo na construção da Usina Rio Verdinha (GO) - tenta há 20 anos construir a Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto no Ribeira de Iguape, o último rio de São Paulo que não tem barragem.

Esta construção se daria entre os municípios de Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR).

O IBAMA, após muita luta das comunidades e dos movimentos sociais do Vale do Ribeira realizou SOMENTE 5 audiências públicas em julho de 2007.

Muitos municípios como Cananéia, Iguape e São Paulo, entre outros, não foram contemplados, até o momento, com nenhuma audiência pública, apesar de suas comunidades e entidades representativas terem solicitado dentro do prazo, além de Cananéia e Iguape pertencerem à Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape.

As águas do Ribeira, ao chegarem em Iguape, Ilha Comprida e Cananéia, formam o Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, mais conhecido como Lagamar.

Além do delicado equlíbrio de seus manguezais e restingas, é neste ambiente que cerca de 10 mil pessoas dependem da pesca da manjuba, que teria a sua ocorrência seriamente afetada na região com a construção da barragem, que reduziria o fluxo de água doce, essencial na distribuição, alimentação e reprodução deste peixe, como mostra parecer do Instituto de Pesca de Cananéia.

Além da manjuba, outras espécies de peixe com importância econômica menor poderiam ser afetadas, causando um efeito dominó, já que muitos animais se alimentam deste peixes. É o caso do boto-cinza, símbolo da cidade de Cananéia e que atrai muitos turistas ecológicos para a região.

A audiência pública no Lagamar tem que acontecer, conforme orienta resoluções do próprio IBAMA.

Este órgão vem se mostrando uma ferramenta do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), já que se adequa, sem questionar, às políticas do Governo Federal, aquele do Lula.

Aliás, muitos movimentos sociais com importância histórica no Brasil, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) tem se mostrado, no mínimo apáticas na defesa dos direitos das comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas.

A ponto de no Fórum Social Mundial de Belém, no começo do ano, alguns sindicalistas desta central defenderem com unhas e dentes o projeto de Belo Monte. Pareciam luletes.

No Vale do Ribeira (SP) também sentimos falta de uma ação direta da CUT de Registro, pouco ativa, indo com a maré desenvolvimentista e sempre em defesa do governo Lula, mesmo que medidas contra trabalhadores sejam tomadas. A mensagem é: não falem mal do governo!

Políticos da região que, historicamente eram contrários, já foram convencidos pelo seu grande líder do Planalto que esta história de barragem não é tão ruim assim, quem sabe não traz emprego para a região... até um pedágio de uma multinacional espanhola na região foi saudado com entusiasmo...

Resumindo: o Ministério de Minas e Energia (um trator nas audiências), o Ministério de Meio Ambiente (seja na pele da Marina, seja no colete do Minc), o próprio IBAMA e, por incrível que pareça, a CUT têm contribuído e silenciado para que empresas como Votorantim, Camargo Corrêa, Bunge e Odebrecht consigam destruir os recursos naturais em benefício somente de suas famílias já bastante abastadas.

Já sabemos quem são os aliados do Governo Federal: Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander, Camargo Corrêa, Votorantim, José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor de Melo...

E que, na palavra do próprio presidente da República, quem atrapalha o desenvolvimento do país são os ambientalistas, os quilombolas, os indígenas e o Ministério Público.

Temos que virar a página e começar a buscar quem são, de fato, os aliados da população e dos trabalhadores. E certamente não estão no Governo Lula, nem nos governos Serra (SP) e Ana Júlia (PA).

Aliados são todos aqueles que não se venderam ao discurso barato de que destruição traz desenvolvimento para todos.

Num Brasil dito de todos, poucos enriquecem, ops, desenvolvem.

André Murtinho Ribeiro Chaves

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