segunda-feira, 28 de julho de 2008

Em defesa da Educação e da Biodiversidade


Jornada da Via Campesina debate importância de uma agricultura fundamentada na agroecologia

Jornada da Via Campesina debate importância de uma agricultura fundamentada na agroecologia25/07/2008
Pedro Carrano, de Cascavel (PR)

Com o lema "Cuidando da Terra, Cultivando Biodiversidade, Colhendo Soberania Alimentar", ocorre a 7ª Jornada de Agroecologia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Cascavel, região Oeste do Paraná. O evento, organizado pela Via Campesina, teve início na quarta-feira (23) e segue até sábado (26).

A Jornada debate a importância de uma agricultura fundamentada na agroecologia, que respeita o meio ambiente (sem uso de agrotóxicos ou cultivo de transgênicos), os pequenos agricultores e sua relação saudável com a terra, além de reafirmar as formas organizativas tradicionais de cooperação e prosseguir com a marcha de luta pela reforma agrária.

De acordo com José Maria Tardin, da Via Campesina, "a construção da Jornada faz parte de um processo de luta permanente, contra o projeto das empresas transnacionais e do agronegócio, na construção de um projeto popular e soberano para a agricultura brasileira, baseada na agroecologia e na soberania alimentar".

Plantio de mudas

No segundo dia da jornada, houve um ato em defesa da educação e da biodiversidade, realizado no próprio campus da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), com o plantio simbólico de sete mudas de árvores em defesa da educação e da biodiversidade. A Via Campesina realizou uma mística em homenagem aos militantes assassinados entre o segundo semestre de 2007 e 2008, Keno e Eli Dallemole.

Para o representante da Via Campesina, José Damasceno, o plantio de árvores dentro da Universidade representa a produção e reprodução da vida e a preservação da biodiversidade. “O ato demonstra o compromisso dos camponeses da Via Campesina com a recuperação do meio ambiente e dos recursos naturais. É o resultado de um processo de construção de sete anos de jornada, com o conhecimento dos camponeses na relação com a natureza”, explica.

O sistema Judiciário recebeu muitas críticas durante o ato por estar deixando de atender às solicitações da sociedade para servir de braço ideológico do poder hegemônico, especialmente nas ações de perseguição ao movimento do campo, em todo o país. Assim como acontece no Rio Grande do Sul (RS), em Cascavel e na região sudoeste do Paraná, os trabalhadores sem-terra têm sido alvo de investidas do Judiciário, como no caso a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)-Cascavel.

Milícias armadas

Outra denúncia preocupante é a perseguição promovida pelos representantes do agronegócio, que se utilizam de milícias armadas e capangas. Também são motivos de preocupação os despejos oficiais promovidos pelo governo estadual contra os acampamentos. De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a cada dez dias ocorre no Paraná uma ação de reintegração de posse. Apenas no ano de 2007, 2077 famílias sofreram com o cumprimento de 18 mandatos de reintegração de posse.

O ato da Via Campesina contou com a presença de representantes da Assembléia Popular, da APP-Sindicato de Curitiba, do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria), Coletivo Despejo Zero, do DCE da Universidade Federal do Paraná (UFPR), entre outros movimentos sociais. Também esteve presente o Movimento dos Camponeses Paraguaios (MCP), que ressaltou a necessidade de um projeto popular para os dois países. “A luta não tem fronteiras, estamos lutando para construir um projeto popular também para o Paraguai, e em toda América Latina”, disse Jose Bobadilla, membro do movimento. Também estiveram presentes no ato o deputado federal Dr. Rosinha e representantes da Unioeste.

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