segunda-feira, 5 de maio de 2008

Conferência Nacional de Juventude se posiciona contra construção de barragem no Vale do Ribeira

Contra Tijuco Alto até no cerrado!

http://revistaviracao.org.br/juventude/?cid=38&notId=222

Da Redação

29/04/2008

O delegado (aquele que foi eleito durante a Conferência Estadual para representar seu município na etapa Nacional) de Juquiá, Flávio Fernandes, do Coletivo Jovens do Juquiá chegou ao serrado para continuar defendo os interesses do Vale do Ribeira. E sua principal bandeira é: Contra Tijuco Alto! "Queremos difundir os impactos ambientais da obra porque muita gente ainda acredita que será bom para a região essa construção", diz Flávio. Ele lembra que uma das conseqüências da construção é o alagamento de cavernas. "Existe uma Lei Federal que não permite isso. Como o IBAMA pode dar um parecer favorável a uma construção que fere uma Lei Federal?", questiona o delegado.

Sobre Tijuco Alto

A represa de Tijuco Alto é a primeira de um conjunto de quatro barragens projetadas (as outras são: Funil, Itaoca e Batatal), para atender unicamente a demanda de energia da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), empresa do Grupo Votorantim.

Segundo Flávio, o IBAMA voltou atrás no parecer favorável a construção.


Impactos vão além da inundação
A maior parte da Mata Atlântica que ainda existe do Estado de São Paulo está na Região do Vale do Ribeiro. Segundo o relatório da empresa apresentada ao Ibama sobre o projeto, 51.8 quilômetros quadrados serão inundados, sendo que quase a metade deste total (46%!) são terras aptas para a agricultura e 35% para pastagem.

Para Andrew Ferreira do Coletivo Jovem de Cananéia existem ainda os problemas que serão causados pela concentração de chumbo existente no rio. “Já foi feita uma pesquisa e 80% dos peixes já estão contaminados pelo chumbo (comprovadamente cancerígeno) que foi despejado por empresas mineradoras durante décadas. Com a movimentação da água causada pela cheia e esvaziamento da barragem o chumbo vai subir e a contaminação aumentará chegando até 100%”.

Com a construção da Barragem três comunidades de remanescentes quilombolas que vivem da agricultura serão diretamente afetadas. De acordo com o relatório de estudo de impacto ambiental apresentado pela empresa 689 famílias serão atingidas pela construção da barragem, sendo realocadas ou com suas terras inundadas.

A maioria das atividades que geram renda para as comunidades locais será atingida. O Eco turismo, fonte de renda da região, será uma delas. Nyara Santos do Coletivo Jovem de Juquiá explica que “como 70% do Vale é área de preservação ambiental, a maioria da população vive de agricultura de subsistência, o ecoturismo se tornou uma das poucas alternativas de renda para as pessoas”. Alguns dos pontos turísticos mais procurados entre eles as cavernas do Diabo e as Grutas de mina da Rocha e do Rocha serão total ou parcialmente inundadas, fenômeno que atingira também várias trilhas turísticas.

Devido a promessas de emprego, grande parte da população rural se deslocará para a cidade. Andrew afirma que as “as famílias rurais acham que vão as cidades e terão casas e empregos fixos, mas o que vai acontecer é o aumento da favelização”. A empresa promete a contratação de 300 técnicos que terão contratos a longo prazo. Para Nyara é uma utopia, já que a cidade não possui esses técnicos e as promessas de formação não poderão ser atendidas já que a cidade não possui estrutura educacional para executar essas formações.

(com base na matéria de Ubirajara Barbosa e Aldrey Riechel, de 31 de março, Agência ViraJovem de Notícias na Conferência Estadual de São Paulo)

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