quarta-feira, 19 de março de 2008

E no Maranhão...

Vitória na ocupação da hidrelétrica de Estreito
19/03/2008

http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=5107

Movimentos sociais que integram a Via Campesina estiveram reunidos ontem com MPF
(Ministério Público Federal) e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis), para discutir as reivindicações dos movimentos que ocupam
há nove dias a Usina Hidrelétrica de Estreito, no sudoeste do Maranhão.

O resultado da reunião foi a criação de um fórum permanente de discussão para acompanhar
a execução do projeto ao longo dos municípios maranhenses e do estado de Tocantins que
serão atingidos pela construção de barragens.

O Fórum tem como objetivo examinar com maior cuidado os relatórios de impacto ambiental;
debater indenizações às populações a serem atingidas; discutir a situação dos que não
aparecem no levantamento de impacto ambiental e tentar incluí-los. O fórum será composto
por representações da sociedade civil, órgãos dos governos estaduais e federal e pela a
empresa construtora da usina, o Ceste (Consórcio Estreito Energia), que será obrigada a
participar deste espaço de debate.

Segundo Gilvania Ferreira, integrande da direção estadual do MST, o Ibama se comprometeu
publicar daqui dez dias a portaria de criação do Fórum, e já no dia 7 de abril será
realizada a primeira reunião deste organismo. “A Ocupação da Barragem de Estreito foi
vitoriosa, porque conseguiu criar o fórum que será um instrumento permanente e legal de
diálogos com os atingidos”, observa Gilvânia. "Além disso, mostrou para sociedade que o
Ceste não tem compromisso com a população, quando deixa de participar de duas reuniões
destinadas a discutir com atingidos assuntos que dizem respeito ao empreendimento da
empresa”, conclui.

A reunião que decidiu ontem pela criação do Fórum foi realizada na sede do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais do Município de Imperatriz. O Ceste mais uma vez tentou boicotar a
reunião, não enviando nenhum representante ao debate.

A superintendente do Ibama no Maranhão, Marluze Pastor, disse que o órgão acompanhará com
maior atenção as questões que envolvem a construção da barragem da UHE de Estreito.

Ocupação

As obras de construção da Usina Hidrelétrica de Estreito estão paradas desde o último dia
11, quando 400 pessoas do MAB, MST, indígenas ribeirinhos pescadores e outros iniciaram a
ocupação do canteiro de obras da Usina.

Os movimentos exigem a paralisação da obra para que seja feito um novo levantamento de
impacto ambiental, uma vez que 21 municípios do Maranhão e Tocantins podem ser afetados
pela construção e não apenas 12, como registrado nos levantamentos realizados.

A usina de Estreito formará um lago que inundará uma área de 400 km², atingindo mais de
22 mil pessoas que sobrevivem da realização de atividades ligadas diretamente à vida do
rio Tocantins, como é o caso de barqueiros, pescadores, ribeirinhos e várias tribos
indígena que obtêm parte de sua auto-sustentação na pesca.

A ocupação teve fim no início da manhã de hoje e os trabalhadores começam a retornar para
suas comunidades. Para lideranças da Via Campesina, o acampamento cumpriu seu papel.
Durante estes nove dias resistiu e denunciou a violência do capital internacional;
articulou forças entorno das reivindicações dos trabalhadores; provocou um debate na
sociedade sobre o modelo energético, sobre os recursos hídricos e as privatizações da
água e principalmente, consolidou-se como um grande momento de luta, fazendo com que as
pessoas que representavam suas comunidades se sentissem protagonistas da história e
mostrando a força da ação coletiva.
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19.03.2008
Via Campesina retira acampamento da UHE de Estreito

http://www.mabnacional.org.br/noticias/190308_uhe_estreito.htm

Após a reunião de ontem (18), com o Ministério Público Federal e Ibama, o Movimento dos
Atingidos por Barragens (MAB) e a Via Campesina saíram da entrada da UHE de Estreito,
onde permaneciam acampados desde o dia 11, início da jornada de lutas do 14 de março, Dia
Internacional de Luta contra as Barragens.

Ao contrário do que foi divulgado ontem, o Consórcio Ceste não compareceu à reunião,
apesar de que a presença da empresa estava confirmada. Na ocasião, ficou acordada a
criação de um foro de discussão, com uma reunião de trabalho marcada para o dia 7 de
abril. A presença do consórcio está garantida pelo Ibama nessa reunião.

O outro acordo foi uma audiência com a Comissão de Direitos Humanos do Senado, no dia 10
de abril, para discutir os problemas dos atingidos pela barragem de Estreito.

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