terça-feira, 1 de abril de 2008

Juventude Paulista contra a Barragem de Tijuco Alto

Ubirajara Barbosa da Fonseca ão e Aldrey Riechel, Agência ViraJovem de Notícias- São Paulo (SP)
31/03/2008

Jovens fazem oposição a barragem do Vale do Ribeira

http://www.revistaviracao.com.br/juventude/?cid=38&notId=130

Na Conferência de Juventude um grupo de jovens do Vale do Ribeira milita contra a construção de um conjunto de barragens e a favor de um desenvolvimento sustentável da região que tem o mais baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Estado de São Paulo.

A represa de Tijuco Alto é a primeira de um conjunto de quatro barragens projetadas (as outras são: Funil, Itaoca e Batatal), para atender unicamente a demanda de energia da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), empresa do Grupo Votorantim.

No dia 27 de fevereiro desse ano saiu o último parecer do Ibama, desta vez favorável a construção da barragem de Tijuco Alto, contrariando a vontade de movimentos, organizações e moradores do local. Segundo o site do Instituto SocioAmbiental (ISA) a CBA nunca discutil com a sociedade opções de produção energética ao projeto.

Impactos vão além da inundação

A maior parte da Mata Atlântica que ainda existe do Estado de São Paulo está na Região do Vale do Ribeiro. Segundo o relatório da empresa apresentada ao Ibama sobre o projeto, 51.8 quilômetros quadrados serão inundados, sendo que quase a metade deste total (46%!) são terras aptas para a agricultura e 35% para pastagem.

Para Andrew Ferreira do Coletivo Jovem de Cananéia existem ainda os problemas que serão causados pela concentração de chumbo existente no rio. “Já foi feita uma pesquisa e 80% dos peixes já estão contaminados pelo chumbo (comprovadamente cancerígeno) que foi despejado por empresas mineradoras durante décadas. Com a movimentação da água causada pela cheia e esvaziamento da barragem o chumbo vai subir e a contaminação aumentará chegando até 100%”.

Com a construção da Barragem três comunidades de remanescentes quilombolas que vivem da agricultura serão diretamente afetadas. De acordo com o relatório de estudo de impacto ambiental apresentado pela empresa 689 famílias serão atingidas pela construção da barragem, sendo realocadas ou com suas terras inundadas.

A maioria das atividades que geram renda para as comunidades locais será atingida. O Eco turismo, fonte de renda da região, será uma delas. Nyara Santos do Coletivo Jovem de Juquiá explica que “como 70% do Vale é área de preservação ambiental, a maioria da população vive de agricultura de subsistência, o ecoturismo se tornou uma das poucas alternativas de renda para as pessoas”. Alguns dos pontos turísticos mais procurados entre eles as cavernas do Diabo e as Grutas de mina da Rocha e do Rocha serão total ou parcialmente inundadas, fenômeno que atingira também várias trilhas turísticas.

Devido a promessas de emprego, grande parte da população rural se deslocará para a cidade. Andrew afirma que as “as famílias rurais acham que vão as cidades e terão casas e empregos fixos, mas o que vai acontecer é o aumento da favelização”. A empresa promete a contratação de 300 técnicos que terão contratos a longo prazo. Para Nyara é uma utopia, já que a cidade não possui esses técnicos e as promessas de formação não poderão ser atendidas já que a cidade não possui estrutura educacional para executar essas formações.

Próximos passos
O grupo que participa da Conferência Estadual da Juventude organiza uma moção contra a barragem e pretende agendar uma reunião com o Ibama para discutir alternativas à construção da Usina. Entre as reivindicações o grupo pede a realização de audiências públicas com participação massiva das comunidades envolvidas e a preservação dos valores e responsabilidades sociais do Estado, subvertendo a ordem atual de interesses meramente econômicos.

Segundo os integrantes dos Coletivos participam da luta cerca de 3.000 pessoas e mais de 10 movimentos sociais.

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