Elas respondem por 18 milhões dos 29 milhões de toneladas por ano do principal gás causador do efeito estufa
Oito empresas são responsáveis por 63% de toda a emissão de CO2 das indústrias paulistas. Elas respondem por cerca de 18 milhões dos mais de 29 milhões de toneladas do principal gás responsável pelo efeito estufa emitidas todos os anos. No topo da lista está a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), responsável por 6,357 milhões de toneladas do gás lançado na atmosfera, em 2006.
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A empresa de Cubatão é seguida por três refinarias da Petrobrás e uma petroquímica de Santo André. Completam o ranking das oito primeiras a Companhia Brasileira do Alumínio, a Votorantim Cimentos Brasil e a Rhodia, indústria química - todas no interior do Estado.
Os principais setores industriais responsáveis pelas emissões são o petroquímico, siderúrgico, de transformação e de minerais não metálicos. O resultado foi apresentado ontem pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo durante reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). Essa é a primeira vez que o governo do Estado divulga o nome dos principais emissores industriais. Para outros setores como agricultura, o estudo ainda será feito.
O levantamento listou as cem principias emissoras do Estado. Para isso, 379 empresas foram selecionadas e convidadas a preencher voluntariamente um questionário enviado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) - 329 delas responderam. 'As estimativas foram baseadas na metodologia usada pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)', diz o secretário de Estado do Meio Ambiente, Xico Graziano.
Fazem parte também desse levantamento empresas como a Gerdau Aços Longos, Camargo Corrêa Cimentos, Suzano Papel e Celulose, Basf e Monsanto do Brasil. Todas elas, porém, com emissões bem abaixo do 1,033 milhão de toneladas da Rhodia, a oitava da lista.
Em março, Graziano chegou a anunciar números preliminares, mas adiou a divulgação dos nomes dos principais emissores. A decisão foi resultado do pedido das empresas para corrigir informações enviadas à Cetesb.
Agora, a secretaria deve procurar essas empresas para discutir a formulação de projetos voluntários de diminuição das emissões de CO2. 'Isso não é punição para as empresas, mas dá instrumentos à Cetesb para se engajar nas negociações com elas', diz o secretário.
BOA NOTÍCIA
O relatório divide os 29 milhões de toneladas do gás, lançados na atmosfera em 2006, como provenientes da queima de combustível industrial e como resultado do processo de produção em si. Segundo Graziano, 77% do combustível utilizado é proveniente de fontes renováveis - uma boa notícia.
A proposta para a realização do relatório partiu do ex-secretário José Goldemberg e levou cerca de seis meses para se concretizar. O ex-secretário prevê que a redução de emissão de CO2 não será homogênea entre os setores listados pela pesquisa, mas considera que é possível chegar a um bom resultado. 'O que está sendo feito nos EUA é a identificação dos grandes emissores e o estabelecimento de metas', afirma. 'O que está sendo feito hoje em São Paulo nos coloca na mesma posição da Califórnia, o Estado mais avançado dos EUA nessa questão.'
Segundo ele, a tecnologia impedirá que esse processo seja barrado por interesses econômicos. O ex-secretário cita a redução na emissão de enxofre pelas indústrias americanas na década de 1980 como exemplo. 'Acabaram chegando a um processo barato para diminuir a quantidade de enxofre. Acredito que o mesmo vai acontecer com o CO2', diz.
Os próximos passos da secretaria devem ser a realização de um novo relatório com a emissão total no Estado, analisando os setores de transporte e agricultura, por exemplo. 'Ainda vamos avançar nesta área, pois essa conta não inclui as emissões que são resultado do consumo doméstico e comercial de combustíveis nem do uso do solo', diz Graziano.
De acordo com dados de 2006 da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apenas a emissão de CO2 proveniente do setor de transporte aéreo e viário foi de 49 milhões de toneladas no País. O óleo diesel foi responsável por 55% dessa emissão, a gasolina por 35% , e a querosene utilizada na aviação 10%.
O secretário descarta a adoção de medidas de incentivo fiscal para as empresas que começarem a reduzir as emissões. No entanto, diz que, num futuro próximo, isso pode se transformar em crédito acumulado. 'Elas teriam um atestado de que começaram a cortar a emissão antes de 2012.'
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