quarta-feira, 30 de abril de 2008

Hidrelétricas... Energia limpa e barata???

Energia Renovável - Hidrelétricas
Revista Eletrônica Ambiente JÁ
30-04-08

Debate energético brasileiro sofre bloqueio contra eletricidade que
não seja gerada pelas mega-hidrelétricas

O debate energético brasileiro sofre um bloqueio praticamente
impenetrável contra qualquer iniciativa a favor de fontes de energia
elétrica, que não sejam geradas pelas mega-hidrelétricas. Por outro
lado, não faltam ainda aqueles que consideram a opção nucleoelétrica
limpa (?), por não emitir gases de efeito estufa, desconsiderando os
efeitos de eventuais acidentes e do "lixo" produzido pelos reatores
nucleares.

O que se constata é que o mundo inteiro está investindo em energia
eólica e fotovoltaica (eletricidade solar). O mercado de energia
eólica cresceu 30%, em 2007. Na China, ele triplicou. No EUA, dobrou.
Na Espanha cresceu 30%, com adição de 3.500 MW à rede. Na Alemanha,
cresceu 8%, representando a adição de 1.700 MW ao parque eólico,
totalizando quase 22.500 MW, o maior do mundo. No Brasil não chega a
250 MW de potência instalada.

O setor de eletricidade solar cresce 45% ao ano, em média, no mundo,
desde 2002. No ano passado, cresceu 50%, em relação a 2006. Significa
que ele dobra de tamanho a cada dois anos. Também os investimentos em
novas tecnologias para energia solar fotovoltaica crescem a ritmo
acelerado. O custo da potência instalada da eletricidade solar caiu
9%, em termos reais, entre 2000 e 2006. Sua participação no total da
capacidade elétrica instalada ainda é pequena, em comparação às fontes
tradicionais, mas tem uma curva exponencial de crescimento que
justifica cenários futuros que projeta uma fatia expressiva no sistema
elétrico mundial.

Cresce, também, o tamanho das usinas de eletricidade solar, e o número
de casas conectadas à rede elétrica, que, atualmente, corresponde a
mais de 1,5 milhões de unidades. Enquanto, no Brasil, se desqualifica
qualquer referência ao uso da eletricidade de origem solar e eólica,
no resto do mundo, esses dois setores estão entre os que mais crescem,
os custos caem e as instalações se expandem.

Em qualquer ambiente do setor público ou privado que se fale em
energia solar ou eólica como opção para aumentar a oferta de energia
elétrica é visto com preconceito, como uma excentricidade
ambientalista. Os argumentos são sempre os mesmos: não dão escala -
escala é uma das palavras mágicas do paradigma elétrico dominante -
são muito caras. Como se as hidrelétricas fossem baratas, e que seus
reservatórios não emitissem gases de efeito estufa, e nem atingissem
as populações ribeirinhas. A realidade é que elas existem em um
sistema que mistura subsídios cruzados, sem nenhuma transparência e
com custos não contabilizados - entre eles o ambiental.

O lobby hidrelétrico se baseia no fato que a maioria absoluta dos
engenheiros e técnicos do setor é especializado em hidreletricidade e
deve sua carreira profissional à indústria, que se formou,
historicamente, em torno dos mega-projetos, desconsiderando as
alternativas e com argumentos técnicos e econômicos, que parecem
totalmente persuasivos, de que devemos continuar sendo assim para
sempre. A outra força do poder hidrelétrico são as empreiteiras
especializadas em grandes obras. Ambas as forças deste lobby se
baseiam em uma mentalidade de grandes obras, legitimada por uma
ideologia de desenvolvimento pela qual devemos fazer tudo grande, para
ter um Brasil grande.

O paradigma das mega-hidrelétricas nunca foi rompido, não apenas como
centro do processo de constituição da indústria elétrica no Brasil,
mas como proposta para o futuro, para o médio e longo prazo. Daí os
resultados pífios do PROINFA, o Programa de Incentivo de Fontes
Alternativas de Energia, que é gerenciado pela Eletrobrás como um
projeto marginal vis-à-vis da política energética tradicional. Apesar
de suas metas modestíssimas, produção de 3.300 MW a partir de
biomassa, eólica e hídrica (PCH´s), está empacado. Em cinco anos não
realizou nem 40% das suas metas originais e jamais é mencionado como
opção para enfrentar a crise do setor hidrelétrico.

O debate energético, monopolizado pelo lobby hidrelétrico, não admite
que o modelo atual está baseado em premissas antigas e equivocadas,
precisando ser substituído por um projeto energético diferente,
contemporâneo dos desafios e possibilidades do século XXI, para que
tenhamos segurança energética de longo prazo, que diversifique e
complemente a matriz energética nacional com fontes renováveis
(energia eólica, solar, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa), e
que leve em conta um modelo de desenvolvimento sustentável tanto no
aspecto econômico, como social e ambiental.

Estamos na contra mão da historia. As estratégias energéticas hoje
estão definidas tendo como objetivo central buscar uma matriz
energética com baixas emissões de gases que causam o efeito estufa,
que leve em conta a diversificação com fontes renováveis de energia e
livres dessa mentalidade das grandes obras, que centralizam a geração
elétrica. É este debate que deve ser realizado pela sociedade
brasileira.


(Por Heitor Scalambrini Costa *, Adital, 29/04/2008)
* Professor da Universidade Federal de Pernambuco; Membro da ONG
Centro de Estudos e Projetos Naper Solar

Um comentário:

Unknown disse...

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